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Socialistas analisam ascensão da extrema-direita e riscos à democracia

Os socialistas que participaram do grupo de trabalho sobre análise de conjuntura política e eleições 2022, no XV Congresso Constituinte da Autorreforma, na manhã desta sexta-feira (29), alertaram para o risco de a democracia sucumbir de vez e o país definitivamente perder as conquistas sociais alcançadas na Constituição de 1988, caso Bolsonaro consiga se manter no poder.

A ampliação da chapa Lula-Alckmin para além da esquerda, a superação de certa hegemonia que ainda persiste nesse campo, a construção de um trabalho de base junto às classes populares e o diálogo com os evangélicos, setor que tem trabalho junto à população mais pobre, foram algumas das estratégias propostas no grupo.

Na avaliação do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, para derrotar Bolsonaro e “salvar” a democracia, será fundamental que a chapa liderada pelo ex-presidente Lula apresente um programa “equilibrado e amplo”.

“A vitória de Jair Bolsonaro nessas eleições significará a liquidação completa e total do que nos resta ainda de democracia. Precisamos saber que é necessário juntar forças, todas aquelas que defendem a democracia, que têm as suas diferenças entre si, mas que defendem as liberdades, aceitam o processo democrático e admitem seu contraditório”, afirmou.

Siqueira classificou a extrema-direita bolsonarista de “autoritária” e “o que há de pior” no país. Por ter visão ultraliberal, o grupo que ascendeu ao poder com Bolsonaro levará o país a um atraso nunca antes visto, afirmou. “Essa extrema-direita, que chegou ao poder no nosso país, é o que há de pior. Ela vem lá detrás, que foi aquela mesma que ficou contra o presidente Geisel quando ele iniciou a abertura política. Quem era general Heleno? Era um assessor do ministro Silvio Frota, que quis derrubar Geisel porque este queria abrir processo para a democracia”, observou Siqueira.

Na opinião do presidente do PSB, falta “boa formação” e “visão de desenvolvimento” ao presidente da República e seu grupo político. “Vocês podem dizer o que quiser dos militares, mas eles, quando estiveram no poder, tinham um projeto para o país, que era diferente do nosso, mas tinham. Esses que estão no poder não têm projeto nenhum. Esses estão na mão do sistema financeiro internacional que adora um governo fraco e sem ideias, porque as ideias que prevalecem serão as ideias dele”, criticou.

Já segundo o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, as eleições de 2022 exigirão diferentes estratégias e “muita inteligência” da militância. Na visão do socialista, o PSB deve ter capacidade de dialogar para fora do partido e conviver “com quem a gente não convive”. “É fundamental porque vejo muitas vezes o discurso para quem já é militante. Tudo bem, esse discurso já nos convenceu”, afirmou. “Não acho que corremos o risco de ter o mesmo formato de ditadura que tivemos no passado. Mas pode haver um enfraquecimento tão forte das instituições que, mesmo existindo, elas vão prestar serviço a um único poder, a uma única liderança, a um único grupo político”, alertou.

Para o deputado federal Alessandro Molon (RJ), Bolsonaro se sentirá autorizado a aprofundar a destruição das instituições, caso vença novamente as eleições. “Todos os líderes autoritários que foram reeleitos tiveram seus segundos mandatos muito piores do que os primeiros”, disse.

Na visão de Molon, o país passa por um momento ainda mais perigoso do que o observado no início do atual governo. Se nos dois primeiros anos da gestão Bolsonaro o Congresso conseguiu resistir de alguma forma, nessa reta final está se tornando “parceiro do desmonte”, avaliou. “Metade do orçamento de investimentos do país é distribuída de forma secreta e antirepublicana”, afirmou Molon, em crítica direta ao chamado “orçamento secreto”.

A ameaça também paira sobre o Supremo Tribunal Federal, que tem sido uma trincheira de resistência nesses últimos anos, considerou Molon. Para ele, a Corte suprema não resiste a mais quatro anos de Bolsonaro. “A sua composição será alterada de forma irreversível. Então o país acabará”, conjeturou.

O pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul, o ex-deputado federal Beto Albuquerque disse que não pode haver hegemonia na esquerda, sob pena de colocar em risco o êxito das forças democráticas no pleito deste ano. “A esquerda brasileira tem que ter a capacidade de enxergar mais longe, não apenas do ponto de vista dos partidos A, B ou C”, disse.

Para Beto, a luta de classes sob o atual governo se aprofundou. “Bolsonaro tirou do armário aqueles que sonham excluir o povo de tudo, excluir o povo do radar do Estado. O povo está fora do radar do Estado. estamos vivendo a plena e intensa luta de classes de sempre”, afirmou o socialista.

O deputado federal Marcelo Freixo, pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro, foi enfático ao defender o diálogo da esquerda com os evangélicos, um dos setores que fazem parte da base apoio de Bolsonaro.

“A esquerda tem uma enorme dificuldade de reconhecer e dialogar com esse setor. É um erro que a esquerda comete, temos que aprender a conversar com os evangélicos, porque eles têm materialidade na vida dos mais pobres. Independente de divergências que possamos ter com determinados líderes evangélicos, não podemos confundir as duas coisas. Condenar atitudes de determinados líderes evangélicos é uma coisa. Reconhecer a importância dessa fé, e o quanto isso está mudando a vida dos mais pobres, é outra”, destacou

Freixo acredita ainda na necessidade de o partido realizar um trabalho de base junto às classes populares. “A gente precisa ter trabalho de base, mas não é a gente que escolhe o que vamos fazer. A sociedade existe, ela está lá. A gente tem que ser menos messiânico, ser menos ‘civilizatório’. Precisamos ter mais humildade e entrar nesse mundo profundo do país. A diferença entre um partido de quadros e um partido de lutas é o tamanho do trabalho de base que ele tem”, finalizou.

Assessoria de Comunicação/PSB nacional

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