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Sem emprego e perspectivas, jovens querem deixar o Brasil


(Imagem: CUT)

Por Lucas Godois, Socialismo Criativo


Metade dos jovens querem deixar o Brasil por estarem insatisfeitos com a condução do país e a falta de oportunidades. É o que indica dados do Atlas das Juventudes e da Fundação Getúlio Vargas (FGV).


Os jovens que querem sair do Brasil não são os de classe média alta, que vão para um intercâmbio ou cursar um MBA, nem os cientistas com alta qualificação que saem do país por falta de investimento na área. Os 47% dos jovens que querem sair do país são das classes mais baixas que desejam começar uma vida do zero em outro lugar.


O líder da Minoria na Câmara, Marcelo Freixo (RJ), que nesta terça (22) se filiou ao PSB, avalia que o Brasil de Jair Bolsonaro (sem partido) é um país sem futuro. “Metade dos nossos jovens, o que significa quase 25 milhões de pessoas, querem deixar o país por falta de oportunidade”, pontuou.


Dificuldade dos jovens no mercado de trabalho

Os levantamentos do Atlas da Juventude e da FGV envolveram milhares de brasileiros entre 15 e 29 anos e revelou que 70% dos jovens têm dificuldade de encontrar trabalho. Em comparação com outros países da América Latina, os jovens veem o Brasil com menos chances de progredir trabalhando.


De 2014 a 2019, os jovens com idade entre 20 e 24 anos tiveram perda na renda cinco vezes maior que a média nacional, os adolescentes tiveram sete vezes. Com a chegada da pandemia de Covid-19, a desocupação dos jovens entre 15 e 29 anos saltou de 49,4% para 56,3%.


Segundo Mariana Resegue, coordenadora do Atlas das Juventudes, os dados revelam enorme frustração “com um país que não cresce” e também o despertar da realidade atual. Para os jovens periféricos, pobres e negros, existe uma consciência política, um sentimento de exclusão e de preconceitos, porém, esses jovens encontram dificuldade em se engajarem politicamente.


O principal setor prejudicado pela pandemia foi a educação, principalmente os que estudam no ensino público. Estudos internacionais estimam que a cada ano a menos nos estudos pode representar 10% a 15% na renda futura do jovem.


Os pesquisadores Ricardo Paes e Laura Muller Machado, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), afirmam que as perdas futuras para os estudantes que estão no ensino fundamental e médio pode atingir até R$ 700 bilhões, e se as aulas não voltarem em 2021 pode chegar até R$ 1,5 trilhão.


Para Laura Machado, os 3,5 milhões de jovens que saem do ensino médio todo ano estarão, desta vez, menos preparado para o mercado devido às oportunidades diferentes entre pobres e ricos na pandemia, aumentando a desigualdade.

“Deveria existir algum tipo de acordo com as empresas para que essas pessoas possam reforçar a educação já trabalhando. Quanto aos mais jovens, que ainda têm anos de estudo à frente, é preciso recuperar o tempo perdido, com muito reforço escolar.” Laura Machado

Desemprego entre jovens é o segundo maior da história


Os desempregados entre jovens que têm 18 a 24 anos subiu novamente no primeiro trimestre de 2021 e alcançou 31%, o percentual é o segundo maior da história. O resultado só fica atrás do 3° trimestre de 2020, quando teve 31,4%. Esse grupo é o segundo maior ao nível de desocupação, só perde para adolescentes com idade entre 14 a 17 anos, que chegou em 46,3%, maior percentual da história.


São 14,8 milhões de desempregados e mais 6 milhões de desalentados (pessoas que desistiram de procurar emprego), em todas as faixas etárias, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2020, 7,3 milhões de pessoas perderam a ocupação, os pobres foram os mais atingidos.

Mulheres sofrem com o “nem-nem”

Um levantamento feito pelo Banco Mundial identificou que as mulheres sofrem mais com o chamado “nem-nem”, pessoas que nem trabalham e, nem estudam. A pesquisa observou que a necessidade de cuidar da família e o papel imposto pela sociedade são os principais pontos que fazem as mulheres estarem nessa posição.


O Banco divide em três grupos. O primeiro são os jovens que não tem motivação interna, não têm intenção de voltar a estudar e nem aspiração profissional; o segundo são de pessoas que querem estudar ou trabalhar, mas não agem para isso; e o último são pessoas que querem voltar, mas enfrenta barreiras externas.


Miriam Müller, autora do estudo “Se já é difícil, imagina para mim…”, afirma que as mulheres são maioria no primeiro grupo, por estarem em união estável ou com filhos pequenos.

“Não são problemas individuais. Elas são condicionadas à pobreza e também enfrentam normas de gênero que fazem com que as mulheres que fiquem nas primeiras duas barreiras e não se imaginem como agentes econômicos. Elas se veem como dona de casa, e isso tem muito a ver com a falta de um modelo de mulher que conseguiu conquistar mais coisas.” Miriam Müller

O estudo mostra que a dependência econômica é naturalizada porque as mulheres têm que desempenhar papeis de “boas esposas e mães”. Outro fator é a jornada dupla, mulheres fazem mais tarefas de casa que os homens. O IBGE aponta que homens mais escolarizados fazem mais tarefas domesticas que os homens com ensino fundamental incompleto. O Instituto ainda observa que mulheres dedicam 10,4 horas por semana a mais que os homens nos afazeres domésticos.


Com informações de Folha de S.Paulo e Poder 360

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